quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Último Segundo: Refluxo gastroesofágico atinge quase 20% da população brasileira

Posto aqui na íntegra notícia publicada no portal Último Segundo, em 4 de outubro de 2008.

Azia, queimação, dor no peito, roncar, ter a exacerbação das sinusites, rinites, bronquites e pneumonia são os sinais de alerta que o organismo transmite quando o pequeno músculo que separa o esôfago do estômago não está funcionando de maneira correta. Isso acontece porque a pressão que ele faz não está sendo suficiente para impedir que o conteúdo gástrico do estômago volte ao esôfago.
Essa doença se chama refluxo gastroesofágico.

Segundo os especialistas, o mal atinge entre 10% e 20% da população brasileira, desde crianças a idosos. "Acontece em todo mundo, é uma coisa normal, porém, se ele se torna muito intenso e freqüente, acaba se transformando em doença", diz o cirurgião Cláudio Bresciani, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. "100% das crianças têm a doença, pois a válvula ainda não está bem desenvolvida", afirma o cirurgião Carlos Eduardo Domene, membro do corpo clínico do Hospital São Luiz (SP) e docente em cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O mau funcionamento do músculo pode ocorrer por diversos fatores: predisposição genética, obesidade, hábitos alimentares inadequados, comer muito e logo se deitar, consumo demasiado de bebidas alcoólicas, café, chocolate e cigarro. "O refluxo gastroesofágico pode causar ainda dor no peito, que pode ser confundida com os sintomas do enfarte do miocárdio, tanto que muitas pessoas com este problema procuram os prontos socorros achando que estão tendo um enfarte", afirma o cirurgião do aparelho digestivo, Alexandre Sakano.

Os especialistas alertam que a doença pode evoluir para casos mais graves, como a esofagite - inflamação da mucosa do esôfago -, e, em cenários mais alarmantes, ao câncer de esôfago. "Outra alteração é o esôfago de barret, situação que o organismo se defende. Neste caso, o revestimento do órgão sobre uma mutação e fica parecido com o do estômago. E essa mudança aumenta as chances de câncer", explica Domene. De acordo com Sakano, apenas 3% dos indivíduos acometidos pela doença têm chance de desenvolver o câncer de esôfago.

O tratamento é fundamentalmente clínico, com medicação e mudanças no comportamento. De acordo com os especialistas, são indicados dois tipos de remédios: o primeiro, é uma droga que diminui a produção de ácido no estômago e, o segundo, favorece o movimento do intestino. Já em relação aos hábitos, os médicos recomendam uma reeducação alimentar, com uma dieta que exclui alimentos ácidos, chocolate, café e bebidas alcoólicas.

Deitar logo após de comer também contribui para intensificar a doença. "A falta de gravidade ajuda a refluir. Medidas de postura, como comer e fazer uma leve caminha, são indicadas", diz Domene. A cirurgia é apenas apontada em casos gravíssimos, quando a pessoa já apresenta o quadro de esofagite severa, ou quando a terapia de remédios não foi respondida. "Menos de 10% dos pacientes têm as complicações que levam ao procedimento cirúrgico", destaca Sakano.

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